terça-feira, 22 de maio de 2018

Brinquedo de estimação - Um porto seguro para teens











Minha filha Carol outro dia teve que fazer um texto para a escola sobre seu brinquedo favorito.
De repente ela saiu do quarto com lágrimas nos olhos, e eu não entendi nada.
Foi quando ele veio me relatar, que estava escrevendo esse texto e lembrou da girafinha que ela tinha, e que sentia muita falta dela.

Era um bichinho fofinho da marca Fom ( isso não é publi) que ela ganhou por volta dos 4/5 anos, ela sempre dormia com a girafinha, era sua companheira. Anos depois o bichinho já estava gasto, sujinho, já tinha perdido seu formato toda durinha e fofinha e a convencemos de doar  a uns anos atrás. Mas não que fosse da vontade dela de desfazer. De vez em quando ela lembrava dela com carinho e saudades.

Ao escrever o texto, e falar da girafinha, várias emoções  vieram à tona.
Que tudo estava passando tão rápido, estava crescendo, conhecendo coisas novas e deixando outras para trás e isso assusta, causa incerteza.

É complicado para eles também. São mudanças corporais, linhas de pensamento, formas de enxergar o mundo e as pessoas, e num primeiro momento isso tudo assusta.
E aí ela me falou que sentia muita falta da girafinha , que ajudava ela nesses momentos. Era um alento, um porto seguro, uma ligação direta e afetiva com as boas lembranças da infância.

Era um objeto que poderia amenizar mais essa transição.
Olha que temos muita cumplicidade, mas nem tudo eles conseguem verbalizar, e as vezes precisam  somente se agarrar a  algo  que traga segurança e boas recordações.
Na verdade, não foi iniciativa dela dar a girafinha naquela época.

Foi então que tive a sensibilidade de perceber naquele momento a importância desse brinquedo na situação da pré adolescência, e resolvi procurar na internet e fazer uma surpresa para ela.
Claro que os brinquedos dados, não tem reposição, mas esse tinha, um significado e um propósito.

Consegui comprar pelo site. Num dia a noite ela já ia se deitar quando pedi para fechar os olhos e entreguei a girafinha.

A reação foi linda e emocionante, primeiro ela deu um grito de felicidade e um sorrisão junto com o abraço na girafinha, logo em seguida vieram as  lágrimas de emoção e agradecimento de ter de novo  a sua cúmplice para estar agarradinha em  todos os momentos, sempre passando uma energia  e um alento quando necessário. A foto acima mostra ela ainda emocionada logo após ao receber a girafinha

A querida girafinha, chegou novinha em folha e brinquei que ela estava esse tempo todo num spa e voltou recauchutada, toda esticadinha e cheinha e fez até implante capilar ( pois a antiga não tinha os cabelinhos nas costas).
Eu fiquei emocionada junto com ela, pois vi que foi muito importante o retorno desse brinquedo.

Essa transição envolve muita emoção, mudanças físicas e psicológicas. Falo que tem a dor do crescimento  que é física, mas tem a dor emocional também.
Quando ela  estava terminando de escrever o texto e escreveu a palavra tchau, aí a emoção venho a tona. Mas conversei que podemos visitar as várias fases da nossa vida quando quisermos, nada é definitivo. Ela está numa fase como se fosse na corda bamba, não é mais aquela criancinha, nem a adolescente total. Tudo é um processo que tem seus ônus e bônus.

E vamos prestar atenção nos nossos pré adolescentes, nas emoções que estão passando, mesmo que não concordemos com tudo, mas temos que ouvir e validar seus sentimentos.

Abaixo estão as fotos da cartinha que deflagou todo esse processo. A feira da escola foi esse fim de semana passado dia 19/05/2018, e quando escrevi o texto acima não tinha lido essa cartinha ainda. E também quando ela escreveu a cartinha não tinha idéia de que iria ganhar a girafinha. A cartinha fala muito de despedida, e da importância dela na vida da Carol.

Vi na feira da escola muitas cartinhas e brinquedos, foi um trabalho quase terapêutico, pois muitas crianças colocaram suas emoções ali no papel, quase uma catarse.
Esses objetos/brinquedos ajudam nessa transição, nessa montanha russa de emoções e descobertas.

Muitas vezes pela correria do dia a dia passamos batido pelo simples, pelo pequeno. Então vamos olhar ainda mais para nossas crianças e as emoções que elas carregam dentro de si e que nem sempre conseguem externar






Um comentário:

  1. Muito lindo seu texto, Ana. Nos dias de hoje, muitas vezes, a adolescência é antecipada, mas não podemos nos esquecer de que não há pressa para nada, tudo é um processo. É bom viver cada etapa e curti-la bastante (Carla Orrú.

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