Minha filha Carol outro dia teve que fazer um texto para a
escola sobre seu brinquedo favorito.
De repente ela saiu do quarto com lágrimas nos olhos, e eu
não entendi nada.
Foi quando ele veio me relatar, que estava escrevendo esse texto
e lembrou da girafinha que ela tinha, e que sentia muita falta dela.
Era um bichinho fofinho da marca Fom ( isso não é publi) que
ela ganhou por volta dos 4/5 anos, ela sempre dormia com a girafinha, era sua
companheira. Anos depois o bichinho já estava gasto, sujinho, já tinha perdido
seu formato toda durinha e fofinha e a convencemos de doar a uns anos atrás. Mas não que fosse da
vontade dela de desfazer. De vez em quando ela lembrava dela com carinho e
saudades.
Ao escrever o texto, e falar da girafinha, várias
emoções vieram à tona.
Que tudo estava passando tão rápido, estava crescendo,
conhecendo coisas novas e deixando outras para trás e isso assusta, causa
incerteza.
É complicado para eles também. São mudanças corporais,
linhas de pensamento, formas de enxergar o mundo e as pessoas, e num primeiro
momento isso tudo assusta.
E aí ela me falou que sentia muita falta da girafinha , que
ajudava ela nesses momentos. Era um alento, um porto seguro, uma ligação direta
e afetiva com as boas lembranças da infância.
Era um objeto que poderia amenizar mais essa transição.
Olha que temos muita cumplicidade, mas nem tudo eles
conseguem verbalizar, e as vezes precisam
somente se agarrar a algo que traga segurança e boas recordações.
Na verdade, não foi iniciativa dela dar a girafinha naquela
época.
Foi então que tive a sensibilidade de perceber naquele
momento a importância desse brinquedo na situação da pré adolescência, e
resolvi procurar na internet e fazer uma surpresa para ela.
Claro que os brinquedos dados, não tem reposição, mas esse
tinha, um significado e um propósito.
Consegui comprar pelo site. Num dia a noite ela já ia se
deitar quando pedi para fechar os olhos e entreguei a girafinha.
A reação foi linda e emocionante, primeiro ela deu um grito de
felicidade e um sorrisão junto com o abraço na girafinha, logo em seguida
vieram as lágrimas de emoção e
agradecimento de ter de novo a sua
cúmplice para estar agarradinha em todos
os momentos, sempre passando uma energia
e um alento quando necessário. A foto acima mostra ela ainda emocionada logo após ao receber a girafinha
A querida girafinha, chegou novinha em folha e brinquei que
ela estava esse tempo todo num spa e voltou recauchutada, toda esticadinha e
cheinha e fez até implante capilar ( pois a antiga não tinha os cabelinhos nas
costas).
Eu fiquei emocionada junto com ela, pois vi que foi muito
importante o retorno desse brinquedo.
Essa transição envolve muita emoção, mudanças físicas e
psicológicas. Falo que tem a dor do crescimento
que é física, mas tem a dor emocional também.
Quando ela estava
terminando de escrever o texto e escreveu a palavra tchau, aí a emoção venho a
tona. Mas conversei que podemos visitar as várias fases da nossa vida quando
quisermos, nada é definitivo. Ela está numa fase como se fosse na corda bamba,
não é mais aquela criancinha, nem a adolescente total. Tudo é um processo que
tem seus ônus e bônus.
Abaixo estão as fotos da cartinha que deflagou todo esse processo. A feira da escola foi esse fim de semana passado dia 19/05/2018, e quando escrevi o texto acima não tinha lido essa cartinha ainda. E também quando ela escreveu a cartinha não tinha idéia de que iria ganhar a girafinha. A cartinha fala muito de despedida, e da importância dela na vida da Carol.
Vi na feira da escola muitas cartinhas e brinquedos, foi um trabalho quase terapêutico, pois muitas crianças colocaram suas emoções ali no papel, quase uma catarse.
Esses objetos/brinquedos ajudam nessa transição, nessa montanha russa de emoções e descobertas.
Muitas vezes pela correria do dia a dia passamos batido pelo simples, pelo pequeno. Então vamos olhar ainda mais para nossas crianças e as emoções que elas carregam dentro de si e que nem sempre conseguem externar
Muito lindo seu texto, Ana. Nos dias de hoje, muitas vezes, a adolescência é antecipada, mas não podemos nos esquecer de que não há pressa para nada, tudo é um processo. É bom viver cada etapa e curti-la bastante (Carla Orrú.
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