sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Saudável ou não Saudável?





Oi gente bom dia, é com muita alegria que hoje venho partilhar que teremos posts incríveis  da nutri coach Nathália Petry. Uma profissional incrível, dedicada, que tive a honra de conhecer. Ela vai abordar  a nutrição de uma forma bem diferente do que estamos acostumadas a ver . Não percam! Vejam este primeiro post dela , vale muito a pena  para refletir.
Nathália seja muito bem vinda a essa casa!


SAUDÁVEL OU NÃO SAUDÁVEL?

Olá, pessoal, tudo bem? Aqui quem fala é a Nathália Petry, nutricionista comportamental e coach, e meu objetivo aqui é trazer uma visão diferenciada da alimentação para você. E para iniciarmos nossos posts aqui nesse blog lindo, que tal começarmos conversando sobre um tema bastante polêmico: o que é uma alimentação saudável?

Atualmente, um dos grandes parâmetros para avaliarmos se nossa alimentação é saudável é o uso da classificação dos alimentos em saudável e não saudável; isto é, se eu como alimentos saudáveis ou não saudáveis. Todo mundo está familiarizado com isso, e tem acesso a este tipo de informação, certo?

Mas, vamos refletir: será que essa visão da alimentação é suficiente? Será mesmo que alguns alimentos são saudáveis e outros não são?

Vocês já pararam para refletir sobre quais são os critérios atuais que classificam um alimento como saudável ou não saudável? Será que eles são válidos para julgarmos um alimento desta forma?
Geralmente, o critério utilizado para esta classificação saudável/não saudável é o teor nutricional do alimento. Isto é, um alimento é julgado por ser mais rico ou não nutricionalmente. Se o alimento tem nutrientes considerados bons, ele é chamado de bom. E se ele possui nutrientes considerados ruins, já é taxado de ruim!

Por exemplo, o coitado do chocolate, tão sempre hostilizado, julgado pelo seu conteúdo nutricional.  Realmente, um chocolate ao leite pode ser rico em gorduras e em açúcar, que em excesso podem não ser tão bons para nós. Mas reflitam comigo: será que isso é suficiente para classificá-lo como algo não saudável? E a dose que eu como? Não faz diferença?
Se eu como uma barra inteira de chocolate ao leite a cada dois dias, talvez isso me leve a uma ingestão excessiva de gorduras não tão boas e açúcares, que poderiam fazer mal ao meu organismo (sem generalizações aqui cada um é um!), certo? Mas e se eu como apenas um pedaço, com muito prazer e consciência, será mesmo que meu corpo vai sofrer por causa disso? E se meu corpo sabe processar isto, por que eu consideraria este alimento como não saudável?

Agora, por exemplo, uma maçã, uma maçã normal, vendida no mercado. Ela é linda, né?
Considerada como um alimento saudável conforme seu valor nutricional. Muitas fibras, antioxidantes, vitaminas, minerais... Mas se eu passar um dia inteiro comendo apenas maçãs, ela ainda seria considerada saudável para meu organismo?

Como já se dizia, quem define o veneno é a dose.

Nós ainda temos a questão dos 'superalimentos', isto é, alimentos considerados como tendo um componente nutricional maior e com propriedades benéficas ao corpo, e que, por isso, são considerados muito saudáveis'. Como vocês já devem ter visto por aí, alimentos como chia, goji berry e quinoa são tão bons mas tão bons que são disseminados como capazes de curar e prevenir inúmeras doenças. Mas, mais uma vez, será que a dose não é importante para esta classificação? Alguns estudos já demonstraram que o consumo excessivo desses superalimentos pode levar a uma série de problemas envolvendo tireóide, articulações, intestino.... Daria para classificá-los como saudáveis ainda?

Pois é, depende da dose.

E qual é o problema desta classificação que fazemos de alimentos saudáveis/não saudáveis?
Além desta classificação ser muito relativa e muitas vezes não ser real, ela pode ser prejudicial. Classificar o alimento como bom/ruim, mocinho/vilão, pode gerar um impacto bastante negativo no seu relacionamento com a comida. Por exemplo: se você comer um alimento ruim, você fez algo ruim e se sente culpado!
Pense nesse exemplo: está na hora do seu lanche da tarde, e você precisa escolher entre uma maçã e um chocolate. O que geralmente ocorre? Seu cérebro já te avisa: a maçã é saudável e o chocolate não é saudável! E isso faz com que você já faça um julgamento daqueles alimentos, fazendo com que você se sinta culpado, ou com vergonha, quando come o chocolate! Este é o problema!

Muito preconceito e vilanização de alimentos têm levado as pessoas a sentirem culpa e vergonha ao consumirem esses alimentos - ou pior, a se sentirem "não saudáveis". É o que tem-se chamado de terrorismo alimentar! São sentimentos muito negativos e intensos que não deveriam fazer parte do nosso cardápio! E isto não é nada legal, porque cria um relacionamento conturbado com os alimentos!

Mas o que é alimentação saudável então?
Eu estava argumentando sobre esta questão do como a classificação 'saudável' pode ser complexa, e sobre como muitos alimentos que não são considerados popularmente como saudáveis poderiam ser, sim, saudáveis, quando uma pessoa me perguntou:
"Pensando na seguinte situação: eu almocei e tenho como sobremesa um brigadeiro e uma maçã. Não seria melhor comer a maçã?"

A resposta que temos popularmente hoje, em frente a tanta informação vinculada por inúmeros canais diferentes, é clara: Prefira a maçã, ela é mais 'saudável'.
Mas na minha cabeça, a resposta que me vem é: depende. Como já vimos, depende de muitos fatores: depende de onde eu estou almoçando, depende da minha fome, depende do meu estado de espírito do dia, depende do meu humor, depende do que eu comi no resto do dia, depende de qual minha intenção com aquela sobremesa, depende da companhia que está comigo, depende da ocasião, depende do clima do dia, depende se eu me satisfiz com o almoço, depende da minha intuição... E depende! Depende de cada indivíduo, depende de cada situação, depende, depende, depende...

Deu pra ver que nesse momento, rostos de dúvidas surgiram, e alguém perguntou: "Tá, mas, afinal, é errado alguém procurar ser mais saudável? Quero dizer, procurar alimentos nutricionalmente melhores?" 

Não, não é errado querer ser saudável! A questão toda é 'O que é ser saudável?'

Se considerarmos que uma alimentação saudável é composta pela função nutricional, social, cultural, psicológica e tantas outras funções! - do alimento, as pessoas podem e devem sim procurar por uma alimentação saudável.Mas se focarmos apenas na função nutricional, a busca pela alimentação saudável pode ser infundada, sem contar que pode ser até um terrorismo: é onde entram os julgamentos, os conceitos, as dietas e as restrições e proibições alimentares os quais estão relacionados com o crescimento dos transtornos alimentares e até mesmo da obesidade.

Assim, uma alimentação "saudável" é aquela que permite todos os alimentos, que te respeita, que respeita os instintos do teu corpo (fome e saciedade), teus momentos na vida, tuas emoções, tua vida! E culpa, medo, vergonha quanto a certos alimentos não combinam com isto!

Assim, resumindo essa ópera:
É importante ter cuidado com a palavra saudável, porque:
- Primeiro: Porque categorizar um alimento em si como saudável ou não saudável é muito relativo. Isso varia! Depende do critério utilizado, da dose, depende do seu estado de espírito, do seu estresse, depende, depende, depende...
- Segundo: Porque não faz sentido classificar um único alimento como saudável, pois a saudabilidade da sua alimentação depende de um conjunto de fatores, não de alimentos em específico! Depende de tudo aquilo que você come, do equilíbrio, e não só de um alimento. Depende do seu estado emocional, da situação da sua vida, do seu estado de estresse... tudo isto influencia na alimentação e é importante para classificar se sua alimentação é, em geral,
'saudável' ou não.
- Terceiro: Porque a palavra saudável tem hoje um significado carregado de julgamento e isso gera sentimentos negativos ou positivos em relação a determinados alimentos, que podem levar a uma situação de terrorismo nutricional e alterar seu relacionamento com a comida.

Por isso, o comer saudável deve ser buscado levando-se em conta não apenas o teor nutricional do alimento - isso não te respeita como indivíduo! - mas deve sim considerar todos os 'dependes' envolvidos na sua escolha alimentar!

Nathália Petry é Nutricionista Comportamental e Coach, e atua na área comportamental da Nutrição, explorando e restaurando o relacionamento que a pessoa tem com a comida e com o corpo, e promovendo uma alimentação saudável em seu sentido integral. Seu trabalho visa à auto-aceitação, ao comer sem culpa, a uma alimentação flexível, sem proibições e sem medo, e à recuperação de um relacionamento positivo com a comida.
- Nutricionista, graduada pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) - CRN-3 44975
- Coach, pelo Instituto Brasileiro de Coaching (IBC)
- Coach de Meditação Mindfulness pelo Instituto Nutrição Meditação e Consciência.
- Estudiosa das áreas de Alimentação Intuitiva e Nutrição Comportamental
- Tem experiência nacional e internacional na área de Transtornos Alimentares

- Idealizadora do projeto De bem com meu prato: www.debemcommeuprato.com


2 comentários:

  1. Texto maravilhoso! Muito informativo, amei! Indo conhecer o site da Dra. bjs

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  2. Estava falando sobre isso hoje com uma amiga que é vegetariana e se alimenta muito bem com frutas, legumes e verduras. Mas o tanto de coisas que ela come industrializada como embutidos de soja (carnes, hamburguer, salsicha) e congelados (pizzas de queijo), eu acho que não é nada saudável.
    Acredito que podemos buscar uma alimentação saudável, valorizando o natural, o "feito na hora" e também devemos conhecer nosso organismo porque cada um reage de uma forma.
    Bj e fk c Deus
    Nana
    http://nanaeosamigosvirtuais.blogspot.com

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